terça-feira, 25 de março de 2008

Sacolas permanentes ganham adesão do empresariado

Por Ingrid dos Santos Passos






Uma iniciativa criada para conscientizar e reeducar a sociedade sobre o impacto que os resíduos plásticos causam ao meio ambiente tem conquistado a adesão do empresariado. É o projeto Sacola Ecológica Permanente, uma parceira firmada entre Sociedade Educacional Santo AnAmostras das sacolas permanentes na farmácia Sesi. Foto: Karoline Meiertonio com a AMABI (Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Iririú). A proposta, criada em 2004, visa desestimular o uso de sacolas plásticas e incentivar a circulação de sacolas recicláveis.

O projeto foi adotado pela ABIP – Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria, e em Joinville as panificadoras Semente da Terra, Viana e Princesa foram as precursoras, com redução de até 35% do uso de sacolas plásticas. Para incentivar os clientes a adotarem a nova medida, há descontos no pão e no leite.

A rede de farmácias Sesi também é adepta da proposta ecológica. Todas as lojas da cidade oferecem as sacolas aos consumidores. Feitas em tecido e disponíveis em três tamanhos e modelos, custam R$ 4, R$ 5 e R$ 7. Segundo o farmacêutico Leandro Caspers, há bastante procura e a própria farmácia incentiva e oferece a opção. Além das sacolas de tecido, a rede utiliza sacolas plásticas oxi-degradáveis. Estas se desintegram num período de 6 a 18 meses, enquanto a sacola de plástico comum demora até 400 anos para se decompor. Essa diferença ocorre pela presença de um aditivo químico que quebra as moléculas do plástico e acelera a decomposição do material com a ação do sol, do vento e de outros fatores naturais.

O estilo ecológico consciente ganha força e são poucas as lojas de shopping que mantêm sacolinhas de plástico comum. A opção mais utilizada é a de embalagens feitas de papel reciclado, como as encontradas nas lojas Terral Surf Shop e Yacamim, do shopping Cidade das Flores. A vendedora Thamis Nayara Godoy explica que os donos da loja optaram por esse modelo por se degradar mais rapidamente na natureza e não ser necessário o corte de novas árvores para a produção.

A estudante de Engenharia Ambiental e pesquisadora Delne Domingos explica que a nova tecnologia das sacolas oxi-degradáveis gerou discussão entre os pesquisadores da área porque não se sabe bem ao certo o que realmente ocorre com essas sacolas quando em contato com o solo. A biodegradação ocorre quando os microrganismos presentes, por exemplo, no solo, utilizam um determinado material (nesse caso as sacolas plásticas) como fonte de alimento e energia, liberando apenas CO2 e água para o ambiente (mineralização), sem gerar impacto posterior. Porém, quando se trata de oxi-degradação, fala-se de outros tipos de reações.

A oxi-degradação faz com que as sacolas se fragmentem em pedaços muito pequenos (como um farelo), porém ainda não se sabe se o farelo é mineralizado ou se apenas está mudando sua forma, o que não resolveria o problema ambiental. Segundo Delne, o processo talvez melhorasse o problema dos aterros sanitários, pois a presença de material plástico e outros produtos inorgânicos nos aterros dificulta a circulação dos gases e líquidos gerados pela decomposição da matéria orgânica e diminui a vida útil de muitos aterros. Porém, a pesquisadora afirma que “na confecção desses materiais plásticos oxi-degradáveis utiliza-se aditivos que contêm metais pesados, os quais são muito perigosos para a saúde humana, pois são substâncias acumulativas e causam diversos tipos de doenças”.

2 comentários:

Unknown disse...

Ótima pauta, ótimo texto! A variedade de fontes foi muito oportuna, conferindo muita prioridade ao discurso. Os dois último parágrafos são fantásticos. A explicação foi clara e muito elucidativa, além de didática. É muito difícil encontrar textos explicativos hoje em dia. O único problema é que o texto discorda da tabela quanto ao tempo de decomposição da sacola plástica (o primeiro diz 500 anos, o segundo mostra 400). Mas isso é o de menos. O texto tá muito bom. Parabéns Ingrid!

Breno Seibel disse...

Curti.. mandou bem menina. Um aloha e positive vibracions para as proximas pautas.