quarta-feira, 26 de março de 2008

Quanto custa morar longe?

Texto: Priscila Farias Carvalho

Fotos: Jeferson Luiz

A Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc recebe alunos de muitas cidades vizinhas como o grupo de Jornalismo e Publicidade e Propaganda que vêm todo dia de Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul, Garuva e até de Rio Negrinho. Alguns desses estudantes chegam a pagar R$ 270, quase a metade do valor da mensalidade do curso de Jornalismo, que é R$ 626.


Dentre os que partem de São Francisco do Sul, estão os alunos de Jornalismo, Gisele Pimpão, e Publicidade, Nahuana Souza e Cristina Barbosa. Entre os que provêm de Jaraguá do Sul, Débora Kellner e Cláudio Renan Pereira (Jornalismo). Os outros aventureiros são de Rio Negrinho, Jean Carlos Knetschik, e de Garuva, Gisele Krama, ambos de Jornalismo. Todos estão no 3º semestre.



Gisele Pimpão, 18 anos, relata sua rotina: “É dificultoso. Trabalho das 13h às 17h30min, e nem troco de roupa.” Gisele sai de São Francisco do Sul depois do expediente e vem para a faculdade. Chega minutos antes das 19h e retorna para casa à meia-noite. Para ela, que trabalha na assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de São Chico, só as aulas no sábado incomodam, pois precisa dormir na casa de algum colega ou amigo. Queixa-se: “Perco o clube de cinema, festas, não aproveito o meu tempo”. O valor do ônibus é originalmente R$ 290. Como ganha desconto, paga R$ 130 para o percurso de 70 km.


Débora Kellner, 20 e Claúdio Renan, 21, moram em Jaraguá e ambos têm idéias parecidas. Durante o dia, Débora trabalha com tratamento de imagens num estúdio fotográfico da cidade. À noite vem à Joinville de carro com a mãe. Acha que é “muito estressante” estudar e trabalhar. Antes ela cursava Jornalismo em Itajaí, eram quase 2h de viagem. Joinville é um pouco mais perto de

Jaraguá, dá aproximadamente 1h. Considera o percurso “um tempo perdido.” Já para Cláudio a maratona... “é uma merda”. “Não gosto disso”, reclama. É assessor da Câmara de Vereadores de Jaraguá. Ele perde umas 3h por dia na viagem de ônibus, mas está feliz com o curso.

Presidente do DACS (Diretório Acadêmico de Comunicação Social), Jean Carlos Knetschik, 24, mora em Rio Negrinho e diz estar “acostumado com a rotina”. Trabalha no jornal Gazeta de São Bento e numa rádio local. Às vezes se arrisca vindo de motocicleta, mas geralmente é pelo ônibus que opta. Paga R$ 270, sem desconto. R$ 70 só para o trecho de Rio Negrinho a São Bento do Sul. Jean percorre de Rio Negrinho a Joinville, aproximadamente, 100 km.


Testemunha das dificuldades de quem tem que viajar para estudar, Gisele Krama, 21, resume essa experiência a três coisas: “É muito cansativo, perigoso e caro.” Alega que já foi esquecida pela van que a conduzia, presenciou acidentes e enfrentou problemas com o veículo. Agora utiliza ônibus e gasta 30min de viagem. Ela paga R$ 130 com desconto, concedido pela UGE (União Garuvense de Estudantes). O valor integral é R$ 200. “Em Itapoá o ônibus é gratuito. Como eles não têm condições de suportar uma faculdade, qualquer estudante que queira fazer faculdade tem ônibus disponível pela prefeitura”, observa.

Muitos estranhamente gostam dessa loucura. Cristina Barbosa, 23, mora em São Francisco e admite: “É muito animado. Converso com todo o mundo. Eu adoro.” Ela vem de ônibus para a faculdade e não liga para o trânsito lento que às vezes enfrenta. A colega de Cristina, Nahuana Souza, 20, florista, afirma: “A única coisa ruim é estudar aos sábados”, diz a estudante que ama São Francisco e nem pensa em morar em Joinville.

Pizza todo o mês, agrado para poucos

Motoristas de van têm história pra contar. É o caso de Mauri Corrêa, 51. Seu Mauri, é velho conhecido dos estudantes que vêm de Jaraguá de van. Durante o dia ele conduz funcionários da WEG e à noite traz 15 alunos para o Bom Jesus. Enquanto os clientes estudam, ela aguarda na guarita do Tio Neri e, entre um bate papo ou outro - quando bate a fome - vai até o Shopping Cidade das Flores e faz um lanchinho. Ele já se acostumou com a rotina e até brinca: “De vez em quando, pago uma pizza pro pessoal da van. É bom pra se conhecerem.”

Legendas
Foto 1: Gisele mora em São Francisco do Sul e vem todo dia a Jonville para estudar.
Foto 2: Cláudio perde três horas na ida e volta de Jaraguá do Sul.
Foto 3: A jaraguaense Débora divide as despesas do carro com a mãe e mais 3 amigos.
Foto 4: Rio Negrinho, como é conhecido Jean, trabalha num jornal local de manhã e a tarde numa rádio.
Foto 5: Estudante de Publicidade, Cristina vem animando o pessoal no ônibus e não reclama da distância.

2 comentários:

Jean Rio Negrinho disse...

As entrevistas separadas por parágrafos ficaram muito interessantes e fáceis de se ler. Gostei do estilo da abordagem Priscilla. Peço excusas por não ter respondido melhor às suas perguntas. E, mesmo assim, você criou um parágrafo inteiro só sobre "o cara que vem de Rio Negrinho" rsrs. Ficou muito dez mesmo. Continua assim que tu vai longe.
Lembrou até do motorista da van. Talvez fosse interessante acrescentar uma retranca ou sei lá o que sobre a galera de joinville que mora do outro lado da cidade. Tem gente que paga quase o mesmo que eu pra ir até a facul e mora em Joinville.

Anônimo disse...

gostei de sua abordagem priscila, do contexto. Só uma ressalva pitoresca(quem sou eu para de criticar).Vc deveria ter cortado as frases maiores em menores para cadenciar o texto. As frases ficaram grandes e com isso se requr um pouco mais de folego na leitura.

nao fique brava, se quiser negligencie, eu só quero contribuir para seu trabalho.

beijos.