quarta-feira, 26 de março de 2008

Curta nos Bairros agregou 49 membros no Vila Nova

Oficina passou por dois bairros e este é o maior grupo de interessados em produção cinematográfica de identidade
Cooperativa desativada


Texto por Luiza Martin
Fotos por Jean Ricardo e Luiza Martin

Perdido no tempo e na rua XV de novembro está o esqueleto do que foi a Cooperativa de benediciamento do Arroz Vila Nova. Rodeado por loteamentos, ficou ilhado pelo crescimento urbano. Como células cancerígenas, as habitações e o comércio crescem deslocando a zona rural. A disputa entre cidade e campo é característica forte do bairro cogitada, dia 25, como assunto por alguns dos 49 participantes. Eles decidirão o que retratar no filme de curta duração, que deve condensar a identidade das pessoas que vivem no Vila.

Aos 53 anos de vida e de Vila Nova, Ivonete Diva Felippi assistiu a mudanças, que a fizeram dizer: “todos nos conhecíamos antes do Boom”. O crescimento repentino despertou nela desejo de mostrar às gerações futuras a história do lugar onde nasceu. Orientada pela equipe de oito pessoas, reunida por iniciativa da Fundação Cultural de Joinville na Escola Municipal Valentin João da Rocha, Ivonete terá contato com: produção (cenários, figurinos, maquiagem), técnica (edição, roteiro), fotografia (luzes, tomadas, ângulos), escolha de elenco e outros elementos da construção de um filme.

O Coordenador de artes da Fundação, Luciano Costa Pereira, também coordena o projeto Curta nos Bairros e sete profissionais do cinema envolvidos na produção. Dois trabalhos já foram concluídos. O primeiro, o Morro do Amaral foi representado pelos pescadores e o Itinga exibirá “A lição” dia 27 de março na sede da AMORABI. O segundo não se baseou na linha que Luciano disse ser “trabalhar a identidade do bairro”, mas teve vínculos com a realidade – a história da protagonista é baseada na de uma menina do Itinga.

Três alunos da 8ºC da Valentin já sabiam o que queriam fazer. Bruna Correia pretendeu atuar. Pedro Puhl e Marcelo Ribeiro Silva mostraram afinidade com câmeras. Outro interessado na fotografia foi Vinícios Daltrozo da 7ºA. É cedo para certezas. Exercícios serão feitos em grupos antes das filmagens do dia 5 de abril. Até lá, os papéis estarão definidos pela afinidade e habilidade dos membros e pelos diretores (os sete profissionais da equipe).

Não só alunos participam da oficina. Há diversos interesses envolvidos, inclusive os pessoais e profissionais do policial militar, Rolf Wolfgang Hendl. Ele almeja saber como se faz um filme, afim de aplicar conhecimento em vídeos de palestras educativas e documentários das trilhas que faz por lazer. Já Airton Brazo, marceneiro, usará as noções de atuação que aprenderá para aperfeiçoar os teatros organizados na igreja que freqüenta.

A quantidade e diversidade entre membros da oficina geram dificuldades na organização das funções de cada um. Os 49 tiveram primeira experiência teórica hoje. Ela funcionará como “seleção natural” – só os que se julgarem aptos continuarão. Caso o número se mantenha ou mais pessoas se interessem, a coordenação administrará o roteiro de forma que todos participem. A sinopse e o argumento se definirão amanhã, dia 26, dando início ao roteiro técnico que será produzido por um dos profissionais.



A equipe, os profissionais, os diretores

“Não Ficar escravo da imagem nesse mundo de informação audiovisual” é o benefício que Brian Hagmann imagina proporcionar. Ele é graduado em cinema pela FAAP e responsável por adaptar sinopse e argumento à linguagem técnica do roteiro. Um lugar que o encantou e oferece possibilidades para produção de gêneros variados de histórias (do terror, ao romance) é a cooperativa desativada pelo abaixo assinado de moradores incomodados com a poluição em conseqüência da palha de arroz queimada. Mas nada foi definido ainda. Passada a etapa de preparação, vem a de pré-produção, que conta com a única mulher da equipe, Mari Silveira. Ela integrou, em 1989, a produção do clipe da música Burguesia, interpretada por Cazuza e trabalha como radialista. Mari quer ensinar eficiência aos participantes da oficina, nas três etapas: pré-produção, gravação e desprodução (devolução de equipamentos e objetos; reconstituição das locações). Depois de roteiro e personagens definidos Cristóvão Petry preparará o elenco, trabalhando a sintonia entre diretor, câmera e ator.

A experiência de Henrique Tobal Neto, que teve seu nome nos créditos de vários longas e curtas (Novembrada, Desterro, Ponte Hercílio Luz, Roda dos expostos, Um tiro na asa e “O antropólogo”, este a ser lançado no Festival de Gramado), será emprestada para a direção fotográfica. Tobal comandará as Hand câmeras (câmeras de mão) conduzidas pelos aprendizes. Luzes, microfones, câmeras e até travelling (usado em filmagens, cuja câmera acompanha o movimento da cena através de trilhos) são equipamentos utilizados, já alugados com a produtora Intervalo Filmes. Dois integrantes da produtora, independentes dela na iniciativa, Roger Luciano dos Santos e Júlio May, ajudarão. Júlio, estudante de publicidade no Ielusc, é produtor de set. Roger, publicitário formado pela UniCruz (RS), dirigirá as cenas e comandará a edição. O material será, em parte, editado na companhia dos membros. Articulando todas as etapas de produção, o cineasta Rodrigo Falk Brum contribuirá como diretor. Nesse mesmo cargo, Rodrigo levou, ao Clube de cinema do Ielusc, a pré-estréia do curta “Sob o céu de Joinville”, sem relações com a oficina, no dia oito de março.



Foto 2: Aula teórica com cinco dos membros da equipe de pé à frente do público

Foto 3: "Hand Cam" exibindo vídeo dos bastidores

Créditos: Jean Ricardo

3 comentários:

Jean Rio Negrinho disse...

Chuck Norris sobre o texto da Luiza: "Meu trabalho aqui acabou. Ela aprendeu tudo direitinho"

O SINO disse...

Luiza, obrigada pela ajuda!

o/

Joana

Anônimo disse...

luiza, minha querida amiga.

gostei do seu texto. O lead tem uma linguagem bem metaforica, celulas cancerigenas, contudo acho que vc é muito criativa e por isso soube usar esses artificios para irrequecer a imaginação do leitor.