segunda-feira, 19 de maio de 2008

Ética de uso do sigilo da fonte é questão de debate

Relação repórter-fonte também é tema na mesa-redonda

O sigilo da fonte é um recurso jornalístico para todas as ocasiões, ou ele deve ser desconsiderado no caso de crimes? A questão é o ponto principal do debate que ocorrerá dia 19/05 às 19h no Anfiteatro do Bom Jesus. A pergunta nasce da discussão a que o site da Revi assistiu a partir da matéria Biblioteca do Ielusc é furtada, onde o gatuno não é denunciado sob proteção do sigilo.

De um lado, os professores de jornalismo Gleber Pieniz e Samuel Lima defendem a idéia de que o off, como o sigilo é chamado no jargão das redações, deve ser visto como opção do jornalista. Eles defendem que seu uso depende das informações da fonte e que em caso de confissão de crime deve ser abolido. Os professores Sílvio Melatti e Jacques Mick consideram o off como um dever do jornalista, e que deve ser defendido a todo custo.
O código de ética da profissão estabelece em seu 5º artigo que o sigilo é um direito do jornalista, e também, no item III do 6º artigo que o profissional deve proteger a integridade da fonte. “O uso do off depende muito da natureza da matéria”, ponderou Samuel.
Outros temas podem se destacar durante o debate: até onde pode ir a relação repórter-fonte; até que ponto o jornalista pode ir à busca de informação; e os limites de aplicação do Código de Ética.
O jornalista Marco Aurélio Braga deverá publicar na Revi um artigo contando “causos” de off, principalmente na área de política, uma das que mais empregam o recurso. Um caso de negociação do sigilo é contado pelo também jornalista Caco Barcellos em Abusado: o dono do morro Santa Marta, afirmando aos traficantes que tinha por fontes que escreveria as atividades deles em anos anteriores sob sigilo. Quanto àquilo que se referisse a planos futuros, denunciaria à polícia.
Livros e relicários
“É a sacralização do livro que ocasionou essa discussão”, afirmou o professor e jornalista Jacques Mick, “e uma sacralização que todos nós defendemos”. O furto do computador do Laboratório 3 da faculdade, na primeira semana de aulas, não teve a mesma repercussão. “O livro é uma coisa da comunidade acadêmica, onde construímos nosso conhecimento”, disse o coordenador do curso de Jornalismo, Samuel Lima.
A repórter Ariane Pereira, bolsista da Revi, publicou a matéria sobre furtos na biblioteca do Ielusc no dia 7 de maio. Enquanto cobria a pauta encontrou um dos larápios, que assumiu o roubo de dois títulos bastante procurados do escritor português José Saramago, autor de quem a repórter mais gosta. O ladrão concedeu a entrevista sob o compromisso do off. Ariane afirma que não dirá quem é WC, “primeiro, por não ser o único ladrão; segundo, pela palavra”. Segundo ela, a sigla fictícia não foi uma ironia pensada, embora assim o quisesse, mas, “algo que surgiu, simplesmente”.
Sidney Azevedo

Um comentário:

O SINO disse...

Peço desculpas aos colegas de redação d'O Sino pelo atraso na publicação desse - medíocre - texto.
Ele não é digno de estar aí anunciando o debate, que é hoje, mas mesmo assim o publico.

Sidney Azevedo