sexta-feira, 30 de maio de 2008

A Biblioteca, o Sarau, o Museu e a Alemanha

A noite em que a cultura alemã se encontrou com a arte do Museu em reforma.

A sala ficou pequena no início do sarau

Por Priscila Farias Carvalho

O Museu de Arte de Joinville reabriu em sessão especial para receber o 3º Sarau Itinerante do ano, promovido pela Biblioteca Pública Municipal Rolf Colin, em 27 de maio, às 20h. Mais de 70 pessoas, entre estudantes e apreciadores da arte, disputavam espaço na apertada e quente sala Luiz Henrique Schwanke, que inaugurava nova iluminação doada pela empresa Brascola.

O diretor da Biblioteca Pública, Reginaldo Jorge e a organizadora do Sarau, Alcione Pauli, foram os mestres de cerimônia do evento. Contando com apoio voluntário, a Biblioteca tenta manter o projeto em lugares representativos da cidade, para que não necessitem encerrar as atividades enquanto o prédio é reformado.

A diretora do museu, Marina Mosimann, pedia a todo instante que as pessoas desencostassem de alguns dos quadros dispostos pela sala Luiz Henrique Schwanke. Grande parte do público era formado por alunos do Caic “Professor Desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira” que agendaram visita com a Biblioteca para participarem do sarau.

O estudante da 5ª série noturna João Carlos Dalbosco, 14 anos, que participava pela primeira vez de um sarau, não sabia que iria ao museu naquela noite e reclamava muito do calor. A maior parte dos estudantes permaneceu de pé durante as apresentações. Só havia cerca de 50 cadeiras disponíveis, ocupadas em grande escala por adultos e idosos.

Allan Viana expôs a performance de Labirinto Particular com as luzes do ambiente apagadas. O garoto magrelo - que usa óculos de grau - e vestia roupas pretas (calça social, camisa e suspensório), recitou trechos da peça Fausto, de Goethe, em alemão treinado numa só aula. Ao prestar seus agradecimentos, ele pediu desculpas pelo alemão desleixado que apresentou e alegou ser admirador de Hermann Hesse.

Intensa foi a apresentação do Coral da ACE, composto por 29 cantores regidos por Luiz Fernando Melara e acompanhados pela pianista Marisa Toledo. Cantaram seis músicas, como Jura e Festa do Interior. A historiadora Raquel S. Thiago, fez uma breve exposição da história de Ottokar Doerffel, primeiro prefeito da cidade de Joinville e imigrante alemão que morou na casa onde hoje está instalado o Museu de Arte de Joinville, em frente à Cidadela Cultural Antarctica.

Uma dupla de bandoneonistas apresentou músicas típicas alemãs. O público se entusiasmou tanto que precisaram tocar mais uma música. Para finalizar, seis crianças do grupo folclórico Windmühle apresentarem danças alemãs infantis, que ensaiam todos os sábados na Sociedade Lírica e integrantes do Instituto Cultural Brasil-Alemanha declamaram textos em alemão. Quase sem platéia, as atividades do 3º Sarau Itinerante terminaram às 22h.


Tudo pela paixão à arte

Com a promoção de saraus a Biblioteca Pública vem ajudando a valorizar as várias culturas que compõem a história de Joinville. A organizadora Alcione Pauli, 31 anos, enfatizou que o Sarau é “um espaço informal para que o público interaja com os artistas”. Não foi o que aconteceu. Devido às poucas intervenções, ao final do evento no MAJ, Alcione desabafou. Para ela, a falta de informação da platéia é um obstáculo, pois para muitos era o primeiro encontro com outras formas de arte. Segundo Alcione, uma das intenções da Biblioteca é fomentar a movimentação dos jovens pelo contato com informação e cultura para mudar esse quadro.

foto: Luiza Martin

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