terça-feira, 13 de maio de 2008

Alunos admitem patrocínio de
cigarros a curso do Estadão

Philip Morris apóia curso de jornalismo aplicado
Por Ingrid dos Santos Passos

Alunos do curso de jornalismo do Bom Jesus Ielusc não estranharam o patrocínio da multinacional de cigarros Philip Morris ao 19º Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado do Estadão¸ que tem inscrições abertas até o dia 1° de julho.
O patrocínio provocou a crítica do editor de meios de imprensa alternativa Gustavo Barreto. Em artigo publicado no site da revista digital NovaE (http://www.novae.inf.br/) ele questionou os interesses da Philip Morris - líder do mercado mundial de cigarros - como patrocinadora dos programas de treinamento em jornalismo dos dois maiores jornais de São Paulo - Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Barreto pergunta: “Até que ponto a imprensa, supostamente responsável por aumentar a participação cidadã da população por meio da informação, deve fazer negócios com uma das indústrias de maior impacto social negativo para o mundo, com 5 milhões de mortes anuais e em crescimento?”. Para o jornalista, tal situação torna suspeita a relação entre veículos de comunicação - que deveriam ter papel social- e empresas que comercializam drogas.
O problema foi pouco observado pelos alunos do Ielusc. Priscila Carvalho, estudante do 3° semestre de Jornalismo, reparou na logomarca da multinacional e não viu relações entre a empresa e o curso oferecido. Outros estudantes, quando questionados sobre algo “estranho” no cartaz, referiam-se ao título “Adestramento de Focas” e quando eram direcionados ao patrocínio, desconhecem a Philip Morris. Fabiane Lima Ribeiro, também do 3°semestre de Jornalismo, julgou como “aleatório” e “inapropriado” o patrocínio.
Segundo o site do Estadão, a Philip Morris não consegue repetir no Brasil o desempenho que obtém em outros países. A participação de mercado brasileiro varia de 13% a 16%. Fica bem atrás da Souza Cruz (da British American Tobbaco), com 70% a 75%, e enfrenta a pressão de fabricantes menores que vendem cigarros baratos graças a liminares na Justiça para pagar menos impostos. Como o mercado brasileiro não cresce, o desafio é ganhar o espaço dos concorrentes.

Curso tem início em agosto

O 19º Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado do Estadão é voltado para quem está no último ano da faculdade ou se formou em 2006 e 2007. Tal curso, apelidado de “Adestramento de Focas”, foi criado em 1990 e é reconhecido como Extensão Universitária em Jornalismo pela Faculdade de Comunicações da Universidade de Navarra (Espanha). O processo de seleção, em duas etapas, é realizado no mês de agosto e o curso ocorrerá entre 1º de setembro e 5 de dezembro de 2008. Há 30 vagas para brasileiros e três para universidades do exterior.
Logo no início os alunos vão a campo produzir reportagens e acompanham a elaboração do jornal, desde a coleta da informação até a edição, produção gráfica, impressão e distribuição. Como complemento, são ministradas aulas com enfoque específico no jornalismo, a partir de temas como Filosofia, Economia, Política e Ética. Após o "adestramento", os participantes passam a fazer parte do Banco Estado de Talentos e ficam à disposição do mercado.
O ex-aluno de Jornalismo do Ielusc, Martín Fernandez, formado em 2004, foi aprovado na 16º edição do Intensivo. Atualmente, Martín é repórter da editoria de esportes do Estadão.

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