quinta-feira, 15 de maio de 2008

Laboratórios equipados com Linux até o próximo semestre


Gigante da informática, Microsoft perde espaço no mercado para software livre.

Por Priscila Carvalho
"Eu vou sabotar/ Você vai se amarrar/O que eu não ganho eu leso...", como cantarolavam Os Mutantes na música Top Top, a tal “sabotagem” pode ser vista como a migração em massa de instituições e empresas para o Linux. No final do mês de abril, coordenadores dos cursos superiores e alguns professores estiveram reunidos com o setor de informática do Bom Jesus/Ielusc para discutir as futuras mudanças nos programas utilizados na instituição. Dos computadores da instituição, que custam R$ 1.000 cada um, 73 serão modificados. O Ielusc decidiu aderir à onda a fim de economizar cerca de R$ 120.000 pela licença (de natureza contestável, pois os softwares são ilegais em sua grande maioria). Por enquanto, só os cursos de Comunicação Social ainda terão acesso ao software pago.

Funcionário do Secord (Setor de Comunicação e Recursos Digitais), Thiago Luiz Vedana garante que as mudanças ocorrerão gradativamente, iniciando pela parte administrativa das unidades do centro e do Saguaçu e até o final desse semestre estarão finalizadas, com o treinamento dos funcionários. “A partir de junho, um pessoal da UDESC vai treinar os funcionários do Ielusc”, adianta. E garante: “estudantes não vão sentir muito”. Programas serão mantidos como o Indesign, Photoshop e Illustrator que acompanham o pacote Adobe, e são ferramentas dos cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo, que têm aulas nos Laboratórios 3, 4 e 5. O programa Vegas, de edição de vídeo, o pacote Corel e o pacote Macromedia, do Fireworks, também serão excluídos.

Samuel Pantoja Lima, cordenador do curso de Jornalismo, é adepto da democratização das ferramentas dos software livres, e considera a alternativa o “plano diretor de informática” do Ielusc. Para ele, essas mudanças "giram em torno de um debate internacional sobre a incorporação de softwares livres em virtude do domínio de softwares pelas grandes corporações", como a Microsoft. Admite que o Ielusc não vai participar ativamente dessa migração, pois disciplinas de meios de TV, rádio e editoração exigem programas pagos. Juciano de Souza Lacerda, doutor em Ciências da Comunicação, assegura que é boa a mudança nos computadores da instituição. “Vai servir para investir em outras questões nos próprios laboratórios.” Acrescenta que “será adotada uma política para instruir os alunos". Juciano ressalta que os laboratórios 3, 4 e 5 funcionarão com Linux e Windows, para que sejam mantidos os programas para edição gráfica de páginas e edição de fotos.

As opiniões de usuários dos computadores da instituição divergem. Lize Reinert, funcionária do Ielusc, afirma que a mudança para o logotipo do Pingüim não vai alterar nada, pois trabalha com Openofice (do Linux) e hoje mal consegue utilizar o Word. “Tudo é uma questão de costume.”, argumenta. Jackson Carvalho, estudante do 3º semestre de Jornalismo acredita que seja um grande passo da instituição. “É o PAC do Ielusc”, brinca.
Também do 3º semestre, Ronaldo Santos não gostou muito da mudança, mas acha que “será bom para o Laboratório 1”, pois o Linux é "mais leve" e os servidores ficam "mais agéis". Estudantes de Publicidade e Propaganda, Cristina Barbosa e Ana Claúdia não gostaram da idéia. Alegam que utilizam algumas ferramentas do Corel e fazem duas objeções: "o 'backspace' do laboratório 1 não funciona?"; e "a faculdade não tem verba para colocar o Windows original? Para onde vão nossos R$ 750?"
Faz saber
O pacote de programas do Windows Home Edition está orçado em R$ 299 para atualização e R$ 589 completo. Para manter o Windows Professional, utilizado no Bom Jesus Ielusc, o custo é de R$ 589 e completo, cerca de R$ 829. A vantagem do Linux é que ele é gratuito, o próprio usuário pode fazer modificações e, caso o usuário não queira instalar o software, ele roda diretamente do CD.
Para saber mais:
br-linux.org/faq-linux/
pt.wikipedia.org/wiki/Linux
br-linux.org/faq-softwarelivre

Um comentário:

Felps disse...

Tux liberta.
Tux é o simpático pingüim da Linux. É impossível conhecer a causa e não se apaixonar pelo conceito de software livre - uma porrada na boca do estômago do capitalismo. Quase uma luz no fim do túnel.

Lamento que o curso de comunicação não tomou essa decisão há algum tempo e agora só fez por necessidade. Mas antes tarde do que nunca, né?

Há poucos meses conheci realmente a questão do software livre, antes de saber da mudança tão próxima que estava por vir. Estávamos preparando a semana acadêmica focada na discussão do assunto. Porém, não vamos focar tanto para não nos chamarem se diretório pelego.

O desconhecimento pode levar ao preconceito, por isso, parabéns pela matéria, que é o primeiro passo. Mando o link da Fisl, que ocorreu em Porto Alegre há dois meses, e contou com a participação da estudante do 5° semestre, Ariadna Strallioto. É dos maiores eventos mundiais do tema.

http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&pg=1&template=3948.dwt&tipo=1§ion=Blogs&p=1&coldir=2&blog=153&topo=3994.dwt&uf=1&local=1

(procure por um pingüim no canto direito da tela)

O Tux liberta. Abrace o Tux você também.